Zévi - Respigador de desperdícios urbanos
Pacotes de leite, embalagens de iogurte, garrafas de água, palhinhas.
Não. Não vamos para um piquenique. Vamos aprender a fazer princesas, barcos, carros, e a tomar consdênda que o inútil, afinal, ainda é útil. É assim a Nau Azul inspirada na Torre de Belém e criada para as «Maravilhas de Portugal». Fez desaparecer a água para reaparecer nela. Repare nos pormenores.
Não. Não vamos para um piquenique. Vamos aprender a fazer princesas, barcos, carros, e a tomar consdênda que o inútil, afinal, ainda é útil. É assim a Nau Azul inspirada na Torre de Belém e criada para as «Maravilhas de Portugal». Fez desaparecer a água para reaparecer nela. Repare nos pormenores.
Para fazer a obra Nau Azul, inspirada na Torre de Belém, Zévi e a família tiveram de comer rissóis durante três dias seguidos. Foi o preço a pagar pelo cumprimento dos princípios de combate ao desperdício e consequente reutilização de materiais existentes em abundância na sociedade de consumo, sem aparente valor após terem cumprido o que deles se esperava. Neste caso, eram as bases plásticas de uma embalagem de um produto alimentar. Mas o conceito de «Reciclagem Reconstrutiva» inventado pelo artista mantém-se. José Victor Carvalho, como se chama na realidade, começou a interessar-se pelo desperdício «desde muito novo». Muito antes sequer de estar imbuído de consciência crítica em relação à sociedade de hiper-abundância contemporânea ou de ter preocupações ambientais. «Sempre me fascinou o potencial que tinham essas coisas depois de utilizadas. É um desafio, esta possibilidade de reconfigurar materiais», afirma. Depois de um percurso artístico que inclui actividade intensa nos campos da publicidade, animação e pintura, Zévi acabou por retornar à sua preocupação de génese e, em 2005, instituiu a «Oficina ReCriativa», através da qual se propõe ensinar às pessoas a criação de peças com os despojos do quotidiano. «Trabalham com objectos que deitam fora todos os dias», explica, orgulhoso desta aparentemente pequena conquista. Seguindo o conceito, que leva à prática de actividades ocupacionais os jovens, como os da escola de circo Chapitô, em Lisboa, o artista espera «chegar a algum lado» e que se inverta a actual tendência do ser humano para se comportar «como um vírus que, onde toca, tudo suga». Para já, conseguiu levar às lojas um dos produtos dessa reutilização de objectos e embalagens, através do «eco-brinquedo». Agora, diz, «depois de saírem de cada atelier, os miúdos chegam a casa e vão a correr abrir o frigorífico».
Fonte:«Maravilhas de Portugal»
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