segunda-feira, 17 de junho de 2019

O artesão maravilha

Zévi - Respigador de desperdícios urbanos

Pacotes de leite, embalagens de iogurte, garrafas de água, palhinhas.
Não. Não vamos para um piquenique. Vamos aprender a fazer princesas, barcos, carros, e a tomar consdênda que o inútil, afinal, ainda é útil. É assim a Nau Azul inspirada na Torre de Belém e criada para as «Maravilhas de Portugal». Fez  desaparecer a água para reaparecer nela. Repare nos pormenores.





Para fazer a obra Nau Azul, inspirada na Torre de Belém, Zévi e a família tiveram de comer rissóis durante três dias seguidos. Foi o preço a pagar pelo cumprimento dos princípios de combate ao desperdício e consequente reutilização de materiais existentes em abundância na sociedade de consumo, sem aparente valor após terem cumprido o que deles se esperava. Neste caso, eram as bases plásticas de uma embalagem de um produto alimentar. Mas o conceito de «Reciclagem Reconstrutiva» inventado pelo artista mantém-se. José Victor Carvalho, como se chama na realidade, começou a interessar-se pelo desperdício «desde muito novo». Muito antes sequer de estar imbuído de consciência crítica em relação à sociedade de hiper-abundância contemporânea ou de ter preocupações ambientais. «Sempre me fascinou o potencial que tinham essas coisas depois de utilizadas. É um desafio, esta possibilidade de reconfigurar materiais», afirma. Depois de um percurso artístico que inclui actividade intensa nos campos da publicidade, animação e pintura, Zévi acabou por retornar à sua preocupação de génese e, em 2005, instituiu a «Oficina ReCriativa», através da qual se propõe ensinar às pessoas a criação de peças com os despojos do quotidiano. «Trabalham com objectos que deitam fora todos os dias», explica, orgulhoso desta aparentemente pequena conquista. Seguindo o conceito, que leva à prática de actividades ocupacionais os jovens, como os da escola de circo Chapitô, em Lisboa, o artista espera «chegar a algum lado» e que se inverta a actual tendência do ser humano para se comportar «como um vírus que, onde toca, tudo suga». Para já, conseguiu levar às lojas um dos produtos dessa reutilização de objectos e embalagens, através do «eco-brinquedo». Agora, diz, «depois de saírem de cada atelier, os miúdos chegam a casa e vão a correr abrir o frigorífico».

Fonte:«Maravilhas de Portugal» 


 

Classificação Liga NOS




Bairros de Lisboa

Bairro da Bica





A época dos Descobrimentos fez com que a Bica fosse habitada por mareantes, pescadores, marinheiros, cordoeiros, aguadeiros e peixeiras, cuja cultura a gente do bairro ainda preserva. Raul Mesnier
A origem da Bica está ligada a uma catástrofe, pois o vale que lhe serve de berço é fruto de um aluimento de terras em Julho de 1597,que separou as Chagas do Alto de Santa Catarina, desaparecendo então mais de cem casas de três ruas que ali existiam.
Este pequeno dédalo de ruelas, escadinhas e calçadas, é formado pelo Beco dos Arciprestes, pelas Calçadas da Bica Grande e da Bica Pequena, pela Bica Duarte Belo, Rua dos Cordeeiros e Pátio das Broas.
É precisamente no Pátio das Broas, que se encontra uma Bica, cuja água jorra para um grande tanque setecentista, sendo esta provavelmente a razão do seu nome.
Também é digna de nota a Bica dos Olhos, que ganhou fama, pelas suas propriedades medicinais de doenças oftalmológicas e cuja construção remonta ao séc.xvii.
O Bairro era também local de aguadeiros, na sua maioria oriundos da Galiza que alegravam os ares de Lisboa, com o seu pregão«Aúú,Aúú».
A Bica é ainda famosa pelos seus arraiais populares e tronos de S.António, uma tradição que se tem preservado ao longo dos anos.
Um dos ex-libris da Bica é o seu elevador, um dos mais pitorescos de Lisboa, inaugurado em 1892 e que liga o Largo do Calhariz à Rua de S.Paulo.
Respirando o perfume do Tejo, desde sempre a Bica assumiu a sua paixão marítima-é este amor, revolto e a saber a sal, que cantam as gargantas das mulheres deste Bairro, tão frescas como a água que jorra das bicas, tão rebeldes como o mar que lhes leva os seus amados.



Ass: Dulce